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Metaverso

Empresas de SC são pioneiras na tecnologia no Brasil

O termo metaverso não é novo, mas retornou com força em 2021 depois que o Facebook anunciou a mudança de nome para Meta e desenvolveu um mundo virtual próprio. O comunicado deu início a uma corrida das empresas para se adaptarem à nova tendência tecnológica. Startups de Santa Catarina têm se destacado na área e criado as próprias plataformas nesse “universo paralelo” que deve revolucionar a web. 

Na prática, um mundo no metaverso é um site na internet. A pessoa acessa o link, cria um avatar e ele se torna a identidade dela nesse universo digital. O usuário então consegue passear pelas ruas, conversar com outras pessoas, visitar lojas, participar de eventos, fazer reuniões, assistir às aulas e até comprar produtos em restaurantes para receber em casa. 

Apesar da experiência nesse mundo virtual ser muito mais real com tecnologias como óculos 3D e luvas táteis, também é possível entrar no metaverso pelo celular ou pelo navegador do computador. 

Essa é uma forma de garantir que as pessoas já tenham acesso, enquanto os dispositivos específicos ainda não são acessíveis a todos. Hoje, por exemplo, os óculos 3D custam em média 300 dólares, cerca de R$ 1,5 mil. 

Como ter um estabelecimento
no metaverso

A empresa que quer ter um espaço no metaverso precisa escolher em qual mundo irá comprar ou alugar um terreno. Os clientes então acessarão o estabelecimento através daquele endereço na web onde a companhia adquiriu um terreno. Algumas plataformas já contam com modelos prontos para lojas, escritórios, restaurantes, entre outros, ou é possível fazer um personalizado. 

 

Esse serviço de criações em realidade virtual já é oferecido por empresas como a Invirtuoos. A startup de Florianópolis, que cria soluções de arquitetura e engenharia para construtoras, também irá lançar o próprio metaverso em junho, onde clientes poderão comprar ou alugar espaços. Em princípio, o mundo poderá ser acessado por meio de um aplicativo para celular ou computador. No entanto, a empresa também oferecerá o serviço de criação de metaversos para clientes que desejam ter a sua própria plataforma. 

 

O escritório de arquitetura de Joinville, Red Retail Design, também utiliza a realidade virtual para fazer os projetos dos clientes em 3D no ambiente on-line. Outra tecnologia usada pela empresa é a realidade aumentada – por meio do celular, as pessoas podem projetar o desenho digital no ambiente físico para ter uma ideia de como o ambiente ficará. Entre os clientes estão lojas de diversos setores, como a Altenburg, empresa de cama, mesa e banho de Blumenau, e a Marisol, empresa de vestuário com sede em Jaraguá do Sul. 

 

A empresa também já está com um projeto de mundo no metaverso que será lançado ainda no primeiro semestre deste ano. Quando a plataforma for lançada, os espaços projetados para os clientes estarão todos dentro de um mesmo lugar. 

Funcionário usa óculos de realidade virtual para acessar metaverso
Funcionário usa óculos de realidade virtual para acessar metaverso

Startup de SC cria o primeiro mundo brasileiro no metaverso

Várias empresas pelo mundo já lançaram as próprias plataformas no metaverso. Seguindo a tendência mundial, a startup de Florianópolis Argo.Land criou o primeiro mundo brasileiro, chamado Bite.Land, que foi pré-lançado em janeiro deste ano. A inauguração oficial será em 29 de junho, quando estará on-line para todas as pessoas. 

 

– Muitas empresas estão criando os espaços virtuais, mas elas não têm um mundo no metaverso para colocar o estabelecimento. Então para sanar essa dor, a gente decidiu criar o mundo, onde as pessoas podem caminhar, e aí as empresas terão um tráfego orgânico, sem precisar investir em marketing – explica o desenvolvedor e CEO da Argo.Land, Felipe Cunha. 

 

Diversas empresas já contam com soluções isoladas de realidade virtual, mas é necessário que os clientes acessem os sites isoladamente. O mundo no metaverso permite que pessoas de qualquer lugar tenham acesso às lojas, aos restaurantes e a qualquer outro tipo de estabelecimento – todos reunidos em um só lugar. 

 

Para Cunha, a realidade virtual retoma a experiência de compra que as pessoas tinham anteriormente, mas no meio digital. Uma loja que tem hoje um e-commerce pode tridimensionalizar e criar um espaço em 3D. Assim, o cliente consegue entrar na loja e até conversar com o atendente, mas sem sair de casa. 

 

– Antigamente, as lojas que mais vendiam eram aquelas que tinham um ponto comercial bem localizado. Por exemplo, naquela rua passavam 10 mil pessoas por dia, e dessas, 200 entravam. Então ela não precisava investir em marketing, porque ela tinha um tráfego orgânico. Hoje, com a internet, se você cria um e-commerce e não fica divulgando o tempo todo, é como se criasse uma empresa no deserto. No Metaverso, a gente volta à experiência do passado – declara.  

 

O comunicado do Facebook foi fundamental para acelerar a transição para o metaverso e foi o que motivou a Argo.Land a criar uma plataforma própria. Segundo Cunha, o processo de desenvolvimento foi rápido, porque a startup já tinha a tecnologia. 

– Nós começamos o desenvolvimento em 2019 e criamos uma loja virtual em 3D. Só que naquele momento, no início da startup, a gente não conseguiu vender a ideia, estava muito à frente do tempo. Com essa tecnologia de tour virtual, nós adaptamos isso para o setor de construção, que tinha um maior interesse. E aí, quando veio o comunicado do Zuckerberg de Metaverso, reacendeu aquela ideia inicial de 2019 e começou a fazer sentido para outras pessoas – relata. 

Metaverso para facilitar
a comunicação

Escritório de arquitetura de Joinville, o Red Retail Design desenvolve projetos em 3D para lojas e se prepara para ter uma unidade no metaverso. Os funcionários da empresa já trabalham remoto (apenas quatro pessoas trabalham em um espaço físico, em Joinville) e utilizam ferramentas on-line para interagir entre si e organizar o trabalho. 

 

Um exemplo é o Discord, chat on-line usado para games. Dessa forma, a empresa consegue melhorar a comunicação entre os colaboradores, que estão espalhados pelo Brasil e até nos Estados Unidos. 

 

Ana Zimmermann, fundadora e CEO da Red Retail Design, diz que quando o mundo no metaverso desenvolvido pela empresa for lançado, os colaboradores poderão interagir de forma ainda mais real, com os seus avatares. Em um primeiro momento todos poderão acessar apenas pelo navegador do computador, mas no futuro a empresa espera que todos tenham acesso a dispositivos como óculos 3D. 

Escritório de design dentro do metaverso
Escritório da Red Retail Design no Metaverso

Primeira galeria de arte brasileira no metaverso

A Meta Art City, primeira galeria de arte brasileira no metaverso, foi inaugurada em Florianópolis em abril. A iniciativa mostra como o mundo digital pode também incentivar a cultura e ajudar artistas de Santa Catarina e do Brasil a atingirem um maior público com seus trabalhos. O artista plástico gaúcho e radicado em Floripa, Luciano Martins foi o primeiro a inaugurar o mundo digital. Ele criou uma linha exclusiva para o ambiente digital, chamada Crazyt Cats.

Além da experiência imersiva de andar por galerias de artistas, no Meta Art City, as pessoas podem também adquirir obras digitais no formato de NFTs. Um NFT pode ser uma imagem, música ou documento que contém um código de autenticidade exclusivo. Mesmo que a obra seja replicada na internet, é isso que comprova qual é a original e a quem ela pertence.

O futuro da internet

Com o surgimento das redes sociais, quatro grandes empresas de tecnologia, as chamadas “Big Techs” (Apple, Google, Facebook e Amazon) passaram a controlar a maior parte da internet. Os desenvolvedores de plataformas no metaverso acreditam que no futuro esse poder será descentralizado. A tendência é de que as “donas” desses mundos sejam as Organizações Autônomas Descentralizadas (DAO’s). 

 

Uma DAO é quando muitas pessoas se juntam para criar uma empresa, por exemplo. Para fazer parte dessa companhia, cada um paga um determinado valor (em forma de moedas digitais) e recebe um token (registro digital). Ele trabalha então em troca de mais participação/tokens para a construção em comunidade. A governança e decisões são votadas entre todos. 

 

O conceito ainda parece confuso para quem não é da área, mas empresas de tecnologia no mundo todo já discutem essa forma de dar mais liberdade a usuários e empreendedores que têm negócios digitais, além de concentrar menos poder nas mãos de grandes empresas. 

expediente

reportagem

Fernanda Mueller

imagens

Tiago Ghizoni

design

Ciliane Pereira

edição

Raphaela Suzin
Everton Siemann
Carolina Marasco