Depois disso, a situação só piorou. A companheira conta que, ao chegar em casa, ele deitou na cama e só saia para ir ao banheiro. Três dias depois, com a piora na saúde, uma enfermeira foi chamada e ele foi encaminhado ao hospital em Caçador.
— Foi rápido assim. Lá ele ficou internado e não saiu mais. Ficou uma semana lá e já morreu. Bem rapidinho — lamenta.
Aos 77 anos, Guilherme* se recusou a tomar a vacina contra a Covid-19, mesmo com as agentes de saúde indo por duas vezes na casa dele. A família só tomou o imunizante após a morte do homem, mas ainda tem dúvidas se vai tomar a terceira dose.
Questionada se vacina poderia salvar a vida do companheiro de anos, a mulher diz:
— O que eu vou dizer? Eu não sei, cada um acredita de um jeito. Porque ele estava com problema do rim e diabetes. Se era a hora dele, ou de uma coisa ou de outra ia ser. Eu acredito que seja isso. Foi a hora dele, ele não queria ir e ele acabou indo. Foi só pegar a doença que foi fatal, não conseguiu superar.
São histórias de perdas como essa, que poderiam ser salvas com uma simples dose, que ficam na cabeça de Ricardo Sakamoto Pessoa, médico da cidade. Ele relata que também atendeu um paciente que morreu após recusar a vacina.
— A pessoa era antivacina. Não tomou a vacina e fez uma festinha. Os amigos dele tinham tomado. Ele não. Infelizmente essa pessoa faleceu, foi bem sofrida [a morte dele], abalou porque era uma pessoa bem conhecida e as pessoas que estavam em volta dele tomaram a vacina e estão todos bem hoje. Então, por ser próximo de nós, também abalou. E o que mais me afetou, foi ele pedindo clemência, pedindo ajuda — recorda.
Em nota, o prefeito de Calmon, Hélio Marcelo Olenka (PP), afirmou que o município tem procurado vacinar toda a população, mas reconhece que ainda há resistência por parte de algumas pessoas. Ele também salientou que, desde o início da pandemia, todas as medidas foram tomadas para evitar que o contágio chegasse ao município, “mas infelizmente não foi possível”.