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A voz dos herdeiros da terra

Terra Guarani, Kaingang, Xokleng e Xetá: Santa Catarina é dos povos originários que resistem ao preconceito e aos ataques e lutam pela sobrevivência. Por sete meses, percorremos aldeias para dar voz e mostrar como eles vivem no Estado. 

 

Os rituais Kaingang em uma noite fria e escura no Oeste contrastam com o silêncio do cemitério Guarani. Já a etnia Xokleng é marcada por uma juventude que guerreia contra o marco temporal e a iminente expropriação do próprio território.  

 

Neste especial, você conhecerá estudantes indígenas que, por meio da Lei das Cotas, acessaram a universidade para continuar as lutas e reivindicações do povo — como uma flecha rumo ao alvo. Assim como fazem benzedeiras, professores, lideranças políticas e representativas com imensa capacidade de resistência, apesar das injustiças e incertezas. 

TERRAS INDÍGENAS EM SANTA CATARINA

 

Distribuição no mapa: Guarani (Litoral, Oeste); Kaingang (Oeste e Vale do Itajaí), Xokleng (Vale do Itajaí) 

 

 

 

 

Ações na Justiça provocadas pela Procuradoria-Geral do Estado: Morro dos Cavalos (Palhoça), Ibirama LaKlaño (Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux e Vitor Meireles), Araçá (Cunha Porã e Saudades) Toldo do Pinhal (Seara, Paial e Arvoredo) 

Distribuição no mapa: Guarani (Litoral, Oeste); Kaingang (Oeste e Vale do Itajaí), Xokleng (Vale do Itajaí)

 

Ações na Justiça provocadas pela Procuradoria-Geral do Estado: Morro dos Cavalos (Palhoça), Ibirama LaKlaño (Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux e Vitor Meireles), Araçá (Cunha Porã e Saudades) Toldo do Pinhal (Seara, Paial e Arvoredo) 

Terras indígenas: 21; Processo de demarcação concluído: 6; Etnias: Guarani, Kaingang, Xokleng; Área total ocupada: 82mil hectares, o equivalente a 0,8% do território catarinense; Número de pessoas indígenas: cerca de 17 mil
Terras indígenas: 21; Processo de demarcação concluído: 6; Etnias: Guarani, Kaingang, Xokleng; Área total ocupada: 82mil hectares, o equivalente a 0,8% do território catarinense; Número de pessoas indígenas: cerca de 17 mil

Faz pelo menos 120 anos que terras indígenas são reservadas em Santa Catarina. Em 1902, ainda antes da Guerra do Contestado (1912-1916), a Terra Indígena (TI) Xapecó foi demarcada pelo governo do Paraná. A comunidade está localizada no cruzamento dos rios Xapecó e Chapecozinho, entre os atuais municípios de Ipuaçu e Entre Rios — a 30 quilômetros de Xanxerê e a 70 quilômetros de Chapecó. A área inclui 16 aldeias espalhadas em quase 16 mil hectares. Ali vivem cerca de 6 mil Kaingang e algumas famílias Guarani. 

 

Juntas, as TIs equivalem a 0,8% do chão barriga-verde. Uma extensão pequena se comparada com o tamanho do território estadual, o qual se espraia por 95 mil quilômetros quadrados. Ainda assim, em quatro delas, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) discute a demarcação com ações na Justiça: Morro dos Cavalos (Palhoça), Ibirama LaKlaño (Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux e Vitor Meireles), Araçá (Cunha Porã e Saudades) e Toldo do Pinhal (Seara, Paial e Arvoredo). 

 

Do total, apenas seis territórios possuem o processo de demarcação 100% concluído: Terra Indígena Xapecó (Kaingang, em Ipuaçu), Terra Indígena Xokleng La-klano (Xokleng, em Ibirama), Aldeia Yynn Moroti Wherá (Guarani, em Biguaçu), Aldeia Condá (Kaingang, em Chapecó), Toldo do Chimbangue (Kaingang, em Chapecó), Aldeia Marangatu (Guarani, em Imaruí). Isso quer dizer que a área foi demarcada e homologada, com registro no cartório de imóveis da comarca correspondente, e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU). A maioria das TIs está com os Guarani, em 2º lugar com os Kaingang e, por último, com os Xokleng. 

No Brasil, apenas

0 %

de todas as terras são reservadas aos povos originários

São 725 terras indígenas (em diferentes etapas do processo de demarcação), conforme o Instituto Socioambiental (Isa). Destas, somente 487 foram homologadas, ou seja, o processo de demarcação foi concluído, desde 1988. O governo de Jair Bolsonaro (PL) é o primeiro, desde a redemocratização do Brasil, a não demarcar nenhuma terra indígena. 

O nome do Brasil já foi batizado por nomes indígenas

Até 1500, prevalecia o nome de ‘PINDORAMA’, como os originários diziam com base no tupi-guarani (pindó-rama ou ‘pindó-retama, “terra/lugar/região das palmeiras”). Depois, sucedem-se ‘TERRA DE VERA CRUZ’ (1500) e ‘TERRA DE SANTA CRUZ’ (1501). ‘TERRA PAPAGALLI’ (1502), ‘MUNDUS NOVUS’ (1503), ‘AMÉRICA’ (1507), ‘TERRA DO BRASIL’ (1507), ‘ÍNDIA OCIDENTAL’ (1578). No século XIX, ‘BRAZIL’, com z. A partir do século XX, ‘BRASIL’, como hoje.

NAVEGUE ENTRE AS ETNIAS

GUARANI

 

 

KAINGANG

 

 

 

XETÁ

 

 

 

XOKLENG

 

 

 

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Expediente

Reportagem: Ângela Bastos

Imagens: Patrick Rodrigues, Sirli Freitas e Tiago Ghizoni

Edição de vídeo: Luiza Monteiro e Bianca Anacleto

Roteiro de vídeo: Carolina Marasco, Eduarda Hillebrandt e Raphaela Suzin

Design: Ciliane Pereira

Edição de texto: Everton Siemann e Raphaela Suzin

Edição SEO: Carolina Marasco

Publicado em 03/12/2022