Faz pelo menos 120 anos que terras indígenas são reservadas em Santa Catarina. Em 1902, ainda antes da Guerra do Contestado (1912-1916), a Terra Indígena (TI) Xapecó foi demarcada pelo governo do Paraná. A comunidade está localizada no cruzamento dos rios Xapecó e Chapecozinho, entre os atuais municípios de Ipuaçu e Entre Rios — a 30 quilômetros de Xanxerê e a 70 quilômetros de Chapecó. A área inclui 16 aldeias espalhadas em quase 16 mil hectares. Ali vivem cerca de 6 mil Kaingang e algumas famílias Guarani.
Juntas, as TIs equivalem a 0,8% do chão barriga-verde. Uma extensão pequena se comparada com o tamanho do território estadual, o qual se espraia por 95 mil quilômetros quadrados. Ainda assim, em quatro delas, a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) discute a demarcação com ações na Justiça: Morro dos Cavalos (Palhoça), Ibirama LaKlaño (Doutor Pedrinho, Itaiópolis, José Boiteux e Vitor Meireles), Araçá (Cunha Porã e Saudades) e Toldo do Pinhal (Seara, Paial e Arvoredo).
Do total, apenas seis territórios possuem o processo de demarcação 100% concluído: Terra Indígena Xapecó (Kaingang, em Ipuaçu), Terra Indígena Xokleng La-klano (Xokleng, em Ibirama), Aldeia Yynn Moroti Wherá (Guarani, em Biguaçu), Aldeia Condá (Kaingang, em Chapecó), Toldo do Chimbangue (Kaingang, em Chapecó), Aldeia Marangatu (Guarani, em Imaruí). Isso quer dizer que a área foi demarcada e homologada, com registro no cartório de imóveis da comarca correspondente, e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU). A maioria das TIs está com os Guarani, em 2º lugar com os Kaingang e, por último, com os Xokleng.