santa catarina
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Nos botões abaixo, entenda mais sobre cada fenômeno que atinge Santa Catarina e o impacto de cada um deles e por que eles ocorrem no nosso Estado
Ser um Estado de contrastes climáticos dá a Santa Catarina uma característica especial: a de agradar a todos os públicos. Gosta de calor? No verão as temperaturas passam dos 40ºC — e que já chegaram a 44°C em Jaraguá do Sul (2020) e Criciúma (2012). Odeia os dias quentes? No inverno o termômetro fica abaixo de zero em algumas cidades. Sonha em ver neve? Santa Catarina é o lugar certo para isso.
Zeli Antunes Costa, 74, e o marido Amilton Costa, 78, cresceram em Urubici e São Joaquim, umas das terras mais geladas do Estado e que junto com Urupema, Bom Jardim da Serra e Lages costumam registrar neve com frequência. Ela e o esposo presenciaram episódios históricos do fenômeno, como o de 1957.
À época, nevou ininterruptamente por sete horas, fazendo deste um dos maiores episódios que já ocorreu no país. A neve que caiu foi em uma quantidade tão grande que após 15 dias ainda era possível ver gelo amontoado nos campos, relataram moradores.
— Era neve em cima de neve, acumulou para mais de um metro — lembra o idoso.
Para nevar, é preciso a combinação simultânea do frio (temperatura perto de zero) e chuva (umidade). Ainda de acordo com a Epagri/Ciram, Santa Catarina é o Estado brasileiro que mais registra ocorrência de neve por conta do relevo e das influências que recebe de massas de ar polar vindas da Antártida.
Ela ocorre entre abril e setembro, sendo os meses de julho e agosto os mais comuns, especialmente nas áreas altas da Serra e do Sul, explica a meteorologista do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram), Gilsânia Cruz. A média de ocorrência é de três eventos por ano.
Confira fotos que mostram alguns episódios intensos de neve em SC
Santa Catarina tem a capacidade de ter verões bem quentes e invernos frios por uma combinação de fatores. Antes de tudo, estar em uma região de latitudes médias faz com que a influência tanto do frio quanto do calor seja mais expressiva.
Há também a interferência da altitude. Quanto mais alto, mais frio. Por isso, é na Serra que estão as cidades mais geladas do Estado e a mais fria do Brasil, Urupema. Nos últimos 50 anos, foi nessa região que as menores temperaturas foram registradas, chegando a -10 ºC em São Joaquim em 1991 e a -9,4°C em Urupema em 2019.
Na outra ponta, as cidades de relevo mais baixo estão entre as que registram as máximas mais quentes. Jaraguá do Sul, no Norte, e Criciúma, no Sul, marcaram 43,8°C nos termômetros em 2020 e 2012, respectivamente, a maior temperatura registrada pelas estações da Epagri/Ciram no último meio século.
A vegetação, tipo de solo, urbanização, proximidade ou não com o mar e as próprias massas de ar que pairam sobre as cidades complementam os itens que definem o clima de cada ponto catarinense, lembra o meteorologista do Instituto Federal de Santa Catarina, Mário Quadro.
O casal Zeli e Amilton cresceu em meio a invernos rigorosos — e que por vezes tinham a ocorrência de neve. Diferente do que se vê atualmente, com turistas procurando a região na expectativa de presenciar o fenômeno, algum tempo atrás o comportamento era totalmente oposto:
— A gente corria da neve, ficava o dia todo dentro de casa. Só saía da roda de fogo para ir para a cama. Mudou muito. Hoje o povo quer ver, naquela época a gente não queria — brinca a moradora.
Quis o destino que um dos três filhos do casal que “corria da neve” administrasse uma pousada. O local recebe turistas interessados em curtir o frio e esperar pelos flocos congelantes. Zeli, que já viu carros cobertos pela neve e campos serem tomados pelo enorme “cobertor branco”, aproveita a aposentadoria para se alegrar com a surpresa de quem, diferente dela, não está acostumado com esse cenário:
As cidades da Serra foram aprendendo a explorar turisticamente esse interesse. Nos últimos anos, moradores e governos têm investido em atrações e infraestrutura para receber os visitantes. Urupema, por exemplo, trabalha na construção de uma rua coberta, no mesmo estilo de Gramado, na Serra Gaúcha. O investimento de quase R$ 5 milhões da prefeitura e Estado exemplifica bem que é possível aproveitar as peculiaridades do clima catarinense. Nem todo extremo no tempo é apenas sinônimo de perdas.
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Expediente
Reportagem: Bianca Bertoli
Imagens: Patrick Rodrigues, Tiago Ghizoni, Ulisses Job, Daniel Conzi, Diorgenes Pandini, Artur Moser, Gabriel Lain, Juliano Zanotelli, Guto Kuerten, Alvarelio Kurossu, Sandro Scheuermann, Jandyr Nascimento, Adelor Schuster, Diego Redel, Sirli Freitas, Leo Munhoz, Jessé Giotti, Max José Koche, Marcia Zenf, Ricardo Duarte, Claudio Silva
Design e desenvolvimento: Ciliane Pereira
Pesquisa e infografia: Ben Ami Scopinho
Edição: Augusto Ittner